OPINIÃO
As lições que devemos aprender
Uma tragédia global como a pandemia da Covid-19 concentra muitas representações simbólicas. De um evento dramático como esse pode-se dizer muito, mas não que se trata de uma oportunidade ou que deixa algum tipo de bom legado. Por outro lado, há, sim, aprendizados. O impacto causado, seja no plano individual ou no âmbito coletivo, deixa lições – e é muito importante que saibamos identificá-las, entendê-las e usá-las para buscar um futuro melhor.
A primeira lição da pandemia da Covid-19 está no valor da Ciência como um patrimônio valioso da humanidade. Igualmente importante, a informação de qualidade e credibilidade tem sido determinante para dar às pessoas condições de tomar decisões individuais, sem as quais todos estariam no escuro, e muito mais gente morreria.
Tais lições serão decisivas para lidarmos com o impacto dessa crise sem precedentes na área da Educação. Além da grave situação dos infectados, entre as primeiras vítimas da Covid-19 estiveram as escolas fechadas e 1,5 bilhão de crianças e jovens, em todo o mundo, que ficaram em casa. Ainda que os esforços emergenciais para ofertar alternativas de ensino remoto tenham sido importantes, uma grande parte dos alunos não teve acesso a nenhuma alternativa. Estamos, portanto, frente à ampliação das distâncias promovidas pela desigualdade, aprofundada pela pandemia.
Nesse cenário, e em particular no contexto social, político e econômico brasileiro, mais do que nunca, boas decisões de governantes, boas políticas públicas, boas estratégias de ação, emergenciais ou de longo prazo, precisam ser tomadas com base em evidências científicas, em pesquisa, em avaliação, em conhecimento.
Sem isso, não há chance de enfrentarmos os desafios futuros que se somam aos problemas históricos da Educação brasileira. Há um País a reconstruir, quando se trata da Educação Pública. Será preciso um conjunto de políticas integradas, dialogadas, pactuadas; serão necessários recursos financeiros, humanos, tecnológicos; será essencial um planejamento inteligente e socialmente sensível para olhar para as diferenças, para as vulnerabilidades, para as crianças e os adolescentes de diferentes contextos sociais.
Temos em nossas mãos muito do que precisamos – evidências, conhecimentos, boas práticas a serem compartilhadas, 2,2 milhões de professores que se mostraram absolutamente responsáveis com os desafios de sua profissão. Mas precisamos de governos, em todas as esferas, que assumam o desafio de promover políticas para um projeto educacional à altura das demandas do Brasil.
Priscila Cruz
Presidente-executiva do Todos Pela Educação
Luciano Monteiro
Diretor de Relações Institucionais da Santillana no Brasil